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Maria Idalina Marques: “Eu trabalho como a minha mãe me ensinou, não alterei nada”.

Oliveira de Azeméis

Maria Idalina Marques, 70 anos, padeira de Ul, abraçou a herança familiar da avó e da mãe e veste, com orgulho, o branco do avental e do boné de padeira, porque ainda hoje gosta do que faz e reconhece a importância de fazer chegar o pão à mesa dos clientes, todos os dias, à mesma hora, porque “o pão é alimento básico que não pode faltar à refeição”.

Teve uma infância feliz e é, com ternura, que partilha a sorte de ter crescido numa família muito unida, com pessoas extraordinárias, a mãe e os avós, de quem guarda saudades e as mais bonitas memórias.

Recorda um tempo em que “na padaria, aos sábados, se coziam cinco sacos de farinha de 50 quilos”, fruto do trabalho metódico e bem organizado de várias mulheres que, sem comando ou ordem instituída, sabiam exatamente qual o lugar a ocupar, qual a tarefa a desenvolver.  A mãe e a irmã, porque mais velhas e mais experientes, tratavam do forno. Já a si e a uma empregada cabiam as tarefas de amassar e tender.

Era um ritmo diário, alucinante, até porque, para além dos clientes regulares, a mãe também fazia o mercado em S. João da Madeira e as feiras mais conhecidas das redondezas: os 9 e os 23, em Vale de Cambra, a Feira dos 4, em Arrifana, e a Feira dos 18, em Cesar. Para estas feiras, além das padas de pão, relembra que a mãe “cozia as carreiras, um conjunto de 4 bolinhos casados entre eles, que era um tipo de pão mais mole”, comprado muitas vezes para as festas de Natal e da Páscoa para se fazerem os ovos mexidos ou os formigos, como agora se chamam.

Filha de pai emigrante, que só conheceu já quase na idade adulta, Maria Idalina Marques tem marcada a referência feminina na sua educação. Estudou na escola até ao 5º ano de escolaridade, apesar dos conselhos da irmã mais velha para prosseguir estudos. Quando casou foi aprender a arte da costura, na sequência das novas responsabilidades de esposa e mãe que, para se entregar aos cuidados domésticos, precisou desenvolver a técnica de um sem número de remendos, costuras, alinhavos e ponteados.

Nesta nova família que criou surgiram dois filhos a quem deu asas para voar e aos quais proporcionou uma educação de nível superior para que hoje possam ter sucesso e realização no percurso profissional que escolheram. Também eles construíram família e presentearam-na com dois netos que são o seu maior orgulho e alegria.

De há três anos para cá a sua atividade diminuiu bastante porque a saúde já lhe impõe alguns limites. Continua a encontrar no seu marido a ajuda que precisa durante o processo de fabrico e a cumplicidade que faz do seu pão um trabalho a dois, quase intuitivo, porque a relação de longos anos trouxe o comprometimento necessário para que as tarefas se executem com a sabedoria feita de afetos.

À semelhança da mãe, é em S. João da Madeira que se encontram os seus clientes, essencialmente restaurantes e supermercados. É uma vida muito presa, “a concorrência é grande e para conseguirmos manter os clientes temos que ser capazes de acompanhar diariamente os pedidos que chegam”. Por isso, trabalha madrugada adentro, num ritmo contínuo quase cronometrado: chega à padaria às 2 ou 3 da manhã, já a masseira trabalhou durante o sono. Acende o forno, prepara as bolas de massa que irão à cortadeira para se dividirem nos pequenos “pãezinhos” e depois segue-se o exercício geométrico e harmonioso de colocar os bolinhos alinhados no tabuleiro para levedarem enquanto a lenha aquece o “lar”.

A partir daí é uma dança de vai e vem que ocupa a padaria, pás ao forno, a entrar e a sair, pão mole para um cesto, pão tostado para o outro, tabuleiro cheio para a boca do forno, tabuleiro vazio para a bancada, enfim, uma azáfama tantas vezes dificultada pelo calor que se faz sentir e pela preocupação de contar, pada a pada, a quantidade encomendada por cada cliente e guardada religiosamente na memória, “para não deixar ninguém ficar mal”.

É para si uma honra poder trabalhar como a mãe a ensinou. Idalina Marques mantém-se fiel a estes ensinamentos que são a mais valiosa herança que recebeu. Explica que “o segredo do pão de Ul é o forno e o trabalhar das massas”, ainda que, com o tempo, a padaria se tenha modernizado com a introdução de máquinas, a amassadeira e a tendedeira ou cortadeira, que retiram parte do trabalho de braços.

De uma história de séculos, o pão de Ul mantém, ainda hoje, a genuinidade de sempre porque não contém aditivos que o desvirtuam. O processo é tão natural como antigamente, nos tempos em que duas padas custavam 15 tostões e em que a farinha chegava no dorso dos burros ou mulas que a transportavam desde os moinhos até às casas das padeiras.

Mas, como tudo muda, também o futuro do pão é incerto. Cada vez são menos as padeiras em atividade e as novas gerações fogem deste tipo de profissões que não permitem férias, nem folgas, e que obrigam a uma atividade noturna que tem forçosamente que ser conciliada com outros afazeres em horário diurno.

Na sua família, Idalina Marques acha que a arte acabará em si. Os seus filhos têm outras ambições e não aparecem jovens para aprender. Espera que noutras famílias de Ul o saber “possa ir sendo transmitido aos mais novos, porque o pão faz parte da história de Ul e a história não é apenas feita de passado, mas também de presente e futuro”.

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