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Maria Irene Fonseca Oliveira: “O que mais me agrada é a incerteza de lidar com um alimento vivo que a cada dia se apresenta de forma diferente, trabalho o pão de forma manual e é esse lado inesperado do pão que me cativa".

Oliveira de Azeméis

Maria Irene Fonseca Oliveira tem 46 anos e será, possivelmente, a padeira mais nova de Ul, um estatuto que lhe atribui diretamente a responsabilidade de, por longo tempo, fazer perdurar esta tradição feita identidade da aldeia de Ul, um legado que atravessou os séculos e chegou aos tempos de hoje com a autenticidade e singularidade do antigamente.

Começou a cozer o pão de Ul ainda jovem, com 16 anos, juntamente com a mãe que era padeira. Estudou até ao sexto ano de escolaridade, mas não prosseguiu estudos porque não gostava de andar na escola. Possivelmente, era já o entusiamo do pão quando sai quentinho do forno, a inquietude das mãos que amassam e tendem, que desviaram a sua motivação para a padaria da mãe e para uma profissão feita essencialmente de herança e família.

A mãe foi criada por uma tia que era padeira, por isso o conhecimento passou de geração em geração. Após o casamento, a mãe ainda trabalhou uns anos com a tia, mas depois decidiu construir casa e montou uma padaria própria, a mesma onde ainda hoje Irene Oliveira confeciona o pão.

À chegada à sua casa somos, por isso, recebidos por um espaço acolhedor de chão colorido, móveis, masseiras e pás em madeira que refletem o amarelo do teto e das portas, como se o sol e o trigo marcassem também eles presença nesta pequena padaria que é significado de hospitalidade e tradição.

Infelizmente a mãe faleceu muito nova, com 46 anos, já lá vão 25 anos. Nessa altura, Irene Oliveira ficou com o negócio e com os clientes e ainda hoje acredita que foi a opção certa, porque gosta muito do que faz, principalmente de tender, tarefa que desenvolve com uma rapidez maquinal, como se as mãos se transformassem num automatismo instintivo. “Não sabe se iria gostar de fazer outra coisa”, confidencia com um sentimento de satisfação de quem faz da padaria o lugar ideal para estar.

Lida com um alimento vivo que nunca sai igual do forno e que a cada dia se apresenta com diferentes aspetos, porque trabalha o pão de forma manual e artesanal, sem recurso a qualquer maquinaria ou aditivo, e é esse lado imprevisto do pão que a cativa. Não só as condições do clima, o vento e o nevoeiro, como a humidade do ar ou o calor e ainda o tempo que é dedicado a cada tarefa, são tudo fatores que influenciam a qualidade do produto final.

Na altura em que começou a ajudar a mãe fazia as vendas a pé, igualmente por Travanca. Depois tirou a carta de condução o que lhe veio facilitar imenso a sua função. “Sem carro, era preciso caminhar muitos quilómetros com as canastras à cabeça e nem sempre o tempo ajudava”, explica com uma sensação de alívio. Para além disso, as padeiras antigamente ainda assumiam a responsabilidade de ir à lenha ao monte, o que não era tarefa fácil. Hoje a lenha é comprada e já vem quase pronta a entrar no forno.

Atualmente, Irene Oliveira é ajudada pelo pai, Armando Oliveira, de 78 anos, que já se encontra na reforma, depois de uma vida ativa de 47 anos como funcionário do Centro Vidreiro do Norte de Portugal. Começou por ajudar a esposa, aprendeu as lides do pão e agora apoia a filha.

À nossa chegada encontrámo-lo de motosserra na mão, camisa à xadrez e boné na cabeça, olhos azuis atentos à tarefa de cortar em pequenos pedaços o monte de lenha acabada de chegar e que dará vida, nas próximas semanas, ao velho forno instalado na cozinha.

Irene Oliveira tem mais dois irmãos, mas é a única que trabalha no pão. Houve uma altura em que a irmã chegou a trabalhar consigo mas, entretanto, empregou-se noutra área, à semelhança de tantos outros exemplos relativos às novas gerações de filhas de padeiras que aspiraram a ofícios com horários fixos das 9 às 5, com fins de semana e tempos livres para descansar e aproveitar a companhia da família e de amigos.

Tem dois filhos, um casal, mas não mostram interesse pelo fabrico do pão, por isso as suas opções de vida passarão por outras áreas que não a que lhes chega da herança de mãe.

Assume a confeção do pão nos moldes tradicionais e encarrega-se por todas as fases do fabrico do pão, inclusivamente, a distribuição. O seu forno leva cerca de 180 pães e normalmente faz 600 padas por dia, menos ao domingo, dia de descanso eleito para retemperar energias.

Vende pão para a vizinha aldeia de Travanca e abrange essencialmente particulares, restaurantes e mercearias, deslocando-se duas vezes à freguesia para fazer a distribuição com pão acabado de cozer, um lugar também ele associado paisagisticamente a Ul pela presença dos moinhos e pela tradição da moagem dos cereais, um elo simbolizado pelo rio Antuã que banha ambas as povoações.

Deita-se normalmente por volta da meia-noite e levanta-se religiosamente às 5h30, mas sempre que pode descansa à tarde. Irene Oliveira reconhece que “é um trabalho que não dá muita liberdade”. É uma profissão exigente, que requer gosto e dedicação. Quem está no ramo tem de acordar muito cedo, de madrugada, para confecionar para cafés, restaurantes, supermercados e mercearias. É preciso trabalhar em contínuo só podendo reservar 15 dias de descanso em agosto, altura em que aproveita para reparar o forno.

Normalmente, não participa nas festas da aldeia, as Grandes Festas em Honra de Nossa Sr.ª das Candeias e São Brás. Como trabalha sozinha não tem capacidade para conseguir produzir para a multidão que este tipo de eventos mobiliza. Recorda-se bem da Festa do São Brás nos tempos em que era jovem, festa que trazia milhares de pessoas a Ul, que assim via as suas ruas invadidas por carros e por gente, desde o centro aos laticínios e até chegar à estação. “Era sempre uma confusão de gente a entrar e a sair da padaria da mãe”, refere Irene Oliveira com saudades.

Não acredita que o fabrico do pão de Ul tenha grande futuro. Os jovens não gostam deste tipo de trabalho. Considera que, quando as padeiras atualmente em atividade deixarem de cozer, a profissão poderá ficar em risco, até porque a média de idades das padeiras atuais está a atingir uma idade próxima da idade da reforma, o que significa que, nos próximos anos, o cenário pode vir a alterar-se.

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