A presidente do Conselho Nacional para a Promoção do voluntariado, Elza Chambel, defendeu em Oliveira de Azeméis que, «numa época de crise, não é aceitável substituir as políticas públicas pelo voluntariado».
A responsável nacional falava no encontro «O voluntariado como caminho para o desenvolvimento» realizado no âmbito da semana «Azeméis é social» que decorre até 23 de Outubro no pavilhão municipal de Oliveira de Azeméis.
«O voluntariado complementa as políticas públicas, complementa o emprego mas não tira postos de trabalho a ninguém», afirmou.
«O voluntariado tem de se situar no espírito do princípio da subsidiariedade. O voluntariado não substitui os profissionais nem retira o trabalho a ninguém», disse, realçando que os jovens que ainda não têm emprego podem participar em acções voluntárias mas «nunca pensando que essa actividade é um substituto de emprego».
Segundo Elza Chambel, as acções de voluntariado feitas por jovens são «um bom complemento de empregabilidade porque eles aprendem muita coisa que não adquirem nos bancos da escola, ou seja, aprendem liderança, negociação e a ver o outro como alguém que é diferente mas sem deixar de ser igual».
«As grandes empresas quando têm de contratar um jovem já não dão importância só à nota do curso mas tentam perceber se possuem outras qualificações para além dos estudos porque é crucial que esses jovens tenham aprendido a ser gente de forma diferente», realçou, chamando a atenção para «o valor económico muito grande» que representa o voluntariado.
O voluntariado como instrumento promotor de cidadania e de combate à pobreza e à exclusão social, a necessidade de formação e a importância do estatuto ético estiveram ainda no centro do debate.
Amélia Martins, coordenadora do Grupo de Voluntariado da Liga Portuguesa Contra o Cancro (núcleo do Norte), defendeu a importância da formação e a ideia do «estatuto ético que tem que existir no exercício do voluntariado».
A dirigente considerou fundamentais «os princípios éticos da convivência e da comunicação entre as pessoas e da coerência interior baseados no altruísmo, na entrega e no esvaziamento de si próprio».
Segundo a responsável da LPCC, «o verdadeiro voluntário é aquele que se esquece de si e se dá aos outros mas que se muniu de uma bagagem formativa que lhe permite saber utilizar estratégias, aplicar recursos, detectar problemas e saber o que fazer mas, principalmente, saber o que não deve fazer».
O núcleo do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancro possui 354 voluntários activos divididos pelos seus 17 serviços.
O testemunho da missão humanitária da paróquia de Carregosa em S. Tomé e Príncipe coube ao padre Artur Pinto, defendendo que «as acções de voluntariado devem trazer sempre consigo um desejo de compromisso com o outro».